Lc 9, 18-24: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 183, 3,4 . 10,14.15)
“Eis que tens a confissão verdadeira, a confissão plena. Deves unir, pois, ambas as coisas: o que Cristo diz de si e o que Pedro diz de Cristo. O que disse Cristo de si? Quem dizem os homens que sou eu, o Filho do homem? E o que disse Pedro de Cristo? Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo. Une ambas as coisas e Cristo manifesta-se na carne. Cristo afirma de si o que é menor, e Pedro, de Cristo, o que é maior. A humildade responde a respeito da verdade, e a verdade, a respeito da humildade, isto é, a humildade, acerca da verdade de Deus, e a verdade, acerca da humildade do homem. Quem dizem os homens, pergunta, que sou eu, o Filho do homem?…
Mas donde é que ao próprio Pedro, meus irmãos, donde é que lhe veio dizer movido pelo amor: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo? Donde lhe veio? Acaso de si mesmo? De modo algum. O mesmo capítulo do Evangelho mostra justamente ambas as coisas: o que Pedro recebeu do que é de Deus e o que nele provinha de si mesmo. Ambas as cosas tens ali: lê, nada há que devas esperar ouvir de mim. Recordo o Evangelho: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo. E o Senhor lhe diz: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas. Por quê? Feliz por causa daquilo que provém de ti mesmo? Não, mas porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isso: pois isto é o que tu és. Não to revelou a carne nem o sangue, mas o meu Pai que está no céu…
Esperai no Senhor e uni as boas obras à verdadeira fé. Confessai que Cristo se manifestou na carne e, crendo e vivendo bem, considerai que ambas as coisas dele recebestes e esperai que, por meio dele, venham elas a desenvolver-se e cheguem à perfeição”.
(Trad. de Luciano Rouanet, oar)