Mt 16,13-19: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 76,1,1-2,2)
“Em face da pergunta do próprio Senhor Jesus Cristo, a respeito de quem diziam os homens que ele fosse, diante das respostas dos discípulos, manifestando-lhe as várias opiniões dos homens, e, enfim, ao interrogá-los novamente o Senhor, dizendo: E vós, quem dizeis que eu sou?, respondeu Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16,15-16).
Um só respondeu em nome de muitos, a unidade presente em muitos. Então, o Senhor lhe disse: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Daí acrescentou: Por isso eu te digo, como se dissesse: porque me disseste: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, eu também te digo: Tu és Pedro (Mt 16, 13-18). Com efeito, antes disso, chamava-se Simão. O nome Pedro foi-lhe imposto pelo Senhor, para que assim fosse chamado: e isso para significar, em tal figura, a Igreja. Se Cristo é a pedra, Pedro é o povo cristão. Pedra é o nome principal: por isso Pedro deriva de pedra, não pedra de Pedro; assim como Cristo não vem de cristão, mas o cristão é chamado deste modo por causa de Cristo. Portanto, o Senhor disse: Tu és Pedro, e sobre esta pedra, que confessaste, sobre esta pedra, que conheceste, dizendo: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, construirei a minha Igreja (Mt 16, 19), ou seja, sobre mim mesmo, o Filho do Deus vivo, construirei a minha Igreja. Sobre mim, eu te edificarei, não me edificarei sobre ti.
Querendo, pois, os homens edificar sobre homens, diziam: Eu sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas, isto é, de Pedro… Quando o apóstolo Paulo viu que fora escolhido, e Cristo rejeitado, disse: Será que Cristo está dividido? Acaso Paulo é que foi crucificado por amor de vós? Ou é no nome de Paulo que fostes batizados? Se não o fostes em nome de Paulo, nem no de Pedro, mas em nome de Cristo, foi para que Pedro se edificasse sobre a pedra, e não a pedra sobre Pedro”.
(Trad. de Luciano Rouanet, oar)