Pensamento 07 4

14º Domingo do Tempo Comum (C)
Lc 10, 1-12: Homilia de Santo Agostinho (Sermão 101, 1)

“Na leitura do Evangelho que se acaba de fazer, somos convidados a investigar qual é a messe sobre a qual o Senhor afirma: A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita (Lc 10,2). Acrescentou, então, aos doze discípulos, que chamou Apóstolos, outros setenta e dois e enviou a todos eles, como se vê a partir de suas palavras, à messe já madura. Que messe, pois, era aquela? Ela não se achava nos gentios, onde nada se semeara. Resta que entendamos que a messe em questão encontrava-se no povo judeu. A esta messe veio seu próprio dono, a ela enviou os segadores. Aos gentios, porém, não enviou segadores, mas semeadores. Entendamos, portanto, que a colheita foi feita no povo judeu, a semeadura, nos povos pagãos. Os Apóstolos foram escolhidos daquela messe que, ao colher-se, já estava madura, porque os profetas tinham semeado ali. Deleita contemplar a agricultura de Deus, recrear-se em seus dons e trabalhar em seu campo. Nele trabalhava quem dizia: Tenho trabalhado mais do que os outros apóstolos (1Cor 15,10). Mas, as forças para trabalhar não lhe eram dadas pelo dono da messe? Por isso, ele ajunta: Não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo.
Com efeito, demonstra satisfatoriamente que era versado em matéria de agricultura, ao dizer: Eu plantei, Apolo regou (Ib. 3,6). Este Apóstolo, de Saulo converteu-se em Paulo, isto é, de soberbo no menor de todos, – Saulo, de fato, deriva de Saul e Paulo, de paulus (pouco), daí que, interpretando, em certo modo, o próprio nome, ele diz: Eu sou o menor dos apóstolos. Este Paulo, ou seja, este pequeno, este menor de todos, foi enviado aos gentios. Ele mesmo afirma que foi enviado em primeiro lugar aos pagãos. Ele escreve, nós o lemos, cremos e pregamos”.
(Trad. de Luciano Rouanet, oar)


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