No decorrer deste trabalho arqueológico também surgiram a alguns meses vestígios da igreja românica originária do mosteiro, do século XI, e numerosas sepulturas, tanto da época medieval como dos séculos XVI e XVII.
Todos estes achados eram mais ou menos esperados. Não se esperava, porém, que fosse encontrada alguma coisa na parte de trás da atual igreja, explicou o responsável pelos trabalhos arqueológicos, Javier Garrido.
Por um lado, junto a pia batismal apareceu um cemitério de crianças – inclusive de bebês- dos séculos XVII e XVIII, em que em apenas nove metros quadrados foram classificados quarenta e dois indivíduos diferentes.
Junto a estes sepulcros, também surgiram estratos pré-históricos, da idade do bronze, de uma espécie de oficina de fabricação de objetos de sílex, pontas de flecha e raspadores de pedra junto a vestígios de fogo.
"Em toda esta parte de La Rioja houve assentamentos humanos nessa época, embora não pensássemos encontrar nada de concreto aqui, talvez, sim, romanos, mas não tão antigos", afirmou Garrido em suas declarações à agência EFE, que insiste em que este descoberta permitirá completar parte da seqüência histórica deste mosteiro com dez séculos de historia.
Indo mais além, o arqueólogo crê que a escavação da igreja de Yuso também servirá para esclarecer alguns outros aspectos de sua história, "porque estão surgindo níveis da construção medieval que estão intactos" com suas pinturas originais "e restos de uma torre forte", junto a outros elementos, como uma moeda do século XII.
A restauração da igreja de Yuso é um projeto do Governo de La Rioja em colaboração com a Fundación Caja Madrid e a comunidade dos Agostinianos Recoletos.Restauração em curso
A escavação arqueológica é só uma parte dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos na igreja de Yuso, onde está atuando com pleno rendimento uma equipe de restauração de pinturas, retábulos e figuras.
Já foram restaurados vários destes elementos e se pretende seguir assim no decorrer dos próximos anos, após os quais "a igreja será vista como nunca na história", já que "durante séculos se sucederam reformas, mas nunca se realizou um trabalho completo de recuperação como este", explica o responsável destes trabalhos, César Ordás.
Para Pablo Latorre, um dos arquitetos da Fundación Caja Madrid, que financia parte dos trabalhos, nestes momentos a igreja oferece "uma imagem irrepetível, que nunca mais haverá outro", posto que os vestígios arqueológicos serão cobertos após seu estudo.
Por esta razão, esta Fundación montou uma sala didática na igreja para que os grupos de visitantes, principalmente crianças, possam observar estes trabalhos e conhecer "um aspecto real da arquitetura".
O coordenador de todo o projeto, o arquiteto Oscar Reinares, ressalta, por sua vez, a importância de "participar na seqüência histórica deste monumento", no qual "desde séculos passados tem ocorrido contínuas intervenções". Agora, esta equipe tem "a responsabilidade de fazer outra (intervenção) que sirva para sua conservação futura".
A restauração da igreja de Yuso é um projeto do Governo de La Rioja em colaboração com a Fundación Caja Madrid e a comunidade dos Agostinianos Recoletos, cujo investimento previsto gira em torno de 4,6 milhões de euros até 2010.