Fazia tempo que o sacerdote José Benito, tobosense e amante da História desta Vila, havia entrado em contato com a Ordem para ver a possibilidade de que esta participasse em uma homenagem de agradecimento aproveitando a benção da nova imagem da patrona. Toboso celebra sua festa dia 15 de agosto e, tendo em vista a “chegada” da nova imagem ao povoado, a igreja local declarou um ano paroquial mariano. Nesta ocasião os agostinianos recoletos, convidados pelas autoridades eclesiásticas e civis e convocados pela Mãe dos tobosenses voltam à pátria de Dulcinéia dois séculos depois.
História
Os agostinianos recoletos chegaram a El Toboso no dia 21 de novembro de 1600 e se instalaram na ermida de Nossa Senhora dos Remédios. O trabalho dos frades aqui consistia em pregação, catequeses quaresmais, confissão e atendimento aos enfermos. Aos dois anos de sua fundação em Toboso já ingressaram na congregação dois filhos da terra: o irmão Alonso Guadalupe da Mãe de Deus, religioso austero, contemplativo e amigo dos pobres, que morreu com fama de santidade, e o padre Andrés Aguilera da Mãe de Deus, que desempenhou importantes cargos na Ordem. Outro tobosense ilustre foi o padre Agustín de Santo Ildefonso, autor de uma obra chamada “Teologia mística”, que influiu de maneira decisiva na espiritualidade da Ordem. A comunidade deste convento chegou a estar constituída de 40 frades e sete deles atendiam às paróquias dos arredores.
O convento de El Toboso foi casa de noviciado da Ordem, casa de formação de professos, casa de estudos e de matinas. Nela foram celebrados três capítulos gerais da Ordem e outros três capítulos provinciais.
Para alguns estudiosos, este convento de Nossa Senhora dos Remédios ou dos Agostinianos, como era conhecido, constituiu a “primeira universidade e foco cultural de primeira grandeza em ‘la Mancha”. Isto é confirmado de certo modo pelas crônicas quando falam do convento de Campillo de Altobuey (Cuenca), o último fundado na etapa antiga da Ordem, se diz que foi fundado porque “já era conhecida por ali a Reforma agostiniana pelos conventuais de El Toboso que, confessando e pregando, muitas vezes ilustravam aquele distrito.
Maldições
O prior provincial de Santo Tomás de Vilanova, Miguel Ángel Hernández presidiu a eucaristia do segundo dia do tríduo a Nossa Senhora dos Remédios, acompanhado do conselheiro provincial Roan Cleber e do secretário Simón Puertas, assim como de vários sacerdotes tobosenses. Em sua homilia, Hernández, além de agradecer a Deus a oportunidade de ser o elo que volta a unir a história da Ordem com a desta vila, quis eliminar a falsa notícia, transmitida de pais para filhos, sobre as três maldições que os frades supostamente lançaram sobre o povoado. A expectativa era imensa.
Quero pedir ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora dos Remédios, que abençoe El Toboso, e o abençoe com abundância. Padre Hernández, solucionou a questão com estas palavras: “que uns seguidores de Cristo e servidores do evangelho, como eram os frades agostinianos recoletos de El Toboso, me imagino que cumpririam com o dever que nos indica São Paulo em sua carta aos Romanos: “«Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis” (Rom 12,14). De qualquer forma eu, frade agostiniano recoleto como eles, quero pedir ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora dos Remédios, que abençoe El Toboso, e o abençoe com abundância. Que abençoe a todos os tobosenses, às suas famílias, aos filhos e netos; que os abençoe com a prosperidade, com trabalho para todos, que a ninguém falte o pão de cada dia. Que os abençoe com governantes dignos, honestos e justos e com sacerdotes santos que guiem com sabedoria o rebanho a eles confiado. Que o Senhor os abençoe com o dom da paz, da harmonia e do bom entendimento entre todos os vizinhos. Que o Senhor os abençoe com o respeito, a solidariedade e o diálogo. Que o Senhor os abençoe com o dom da saúde. Que possais ver os filhos de vossos filhos e tenhais uma velhice tranquila; e, sobretudo, que o Senhor os abençoe renovando o dom da fé de todo o povo e o amor filial e a devoção à Mãe de Deus, a Virgem dos Remédios. E, por último, que Deus os abençoe com uma vida santa, que em definitivo significa viver fazendo o bem a todos e sempre, nas pequenas coisas do dia a dia.
No evangelho de hoje, Pedro pergunta ao Senhor: Quantas vezes tenho que perdoar? Até sete vezes? E Jesus responde: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Eu também quero dizer que a Ordem de Agostinianos Recoletos pede ao Senhor que abençoe a todos os tobosenses, não só sete vezes, mas setenta vezes sete, que significa, sempre, em todo momento, constantemente e a todos”.
Promessa
O senhor prefeito se comprometeu a colocar o nome de agostinianos recoletos a uma das ruas próximas ao antigo convento, do qual só resta uma arcada que atualmente é o pórtico do cemitério, ou a um parque próximo ao poço da Virgem.
O senhor prefeito entregou ao prior provincial um quadro com uma dedicatória que faz referência ao trabalho e à história dos agostinianos recoletos nesta Vila. O provincial, por sua vez, depois de explicar que a província de Santo Tomás celebra o Centenário de sua Restauração, lhe fez a entrega da medalha comemorativa.