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Adoração Matamoros: “Começaram a construir o mosteiro para ser inaugurado dia 28 de agosto”

As duas monjas mexicanas de clausura se reuniram com o bispo da diocese de Lodwar, Dom Patrick Joseph Harrington, um irlandês pertencente à Sociedade de Missões Africanas, e com o missionário espanhol Manuel Hernández, membro da Comunidade Missionária de São Paulo Apóstolo e Maria, Mãe da Igreja (MCSPA).

P. –Do Quênia, o que mais tem chamado a atenção de vocês?
R. -Não conhecemos a realidade de outros lugares, mas pelo que se refere a Lodwar, o subdesenvolvimento, a pobreza extrema das pessoas e a seca; assim como os grandes esforços que a Igreja tem feito e continua fazendo por ajudar espiritual e materialmente a todas essas pessoas da região turkana. Considera-se de primeira evangelização, porque leva apenas quarenta anos.

P. -Qual a impressão de vocês quanto ao mosteiro que as Agostinianas Recoletas da Federação Espanhola fundaram em Wote?
R.- O edifício é bonito e simples e a comunidade é admirável, porque aos três anos da fundação está muito florescente em vocações e as jovens irmãs se empenham muito em sua formação. Proporcionou a nós uma acolhida cordial e fraterna. À medida que o tempo passa se consolida ainda mais sua permanência neste lugar, driblando com fé, determinação e inteireza as carências e dificuldades iniciais de toda fundação. Contudo, tanto a Madre María José Vila Maravilla, encarregada da comunidade, como as demais irmãs, estão bem disponíveis para acolher por certo tempo a nossas irmãs mexicanas. Isto vai servir para que se ambientem no país e pratiquem o que aprenderam de inglês, enquanto chega o momento de instalar-se definitivamente em seu próprio mosteiro.



Existem muitos quilômetros de distância entre Wote e Lodwar, que se localiza a noroeste de Quênia.
Distâncias

P. -Está muito distante Lodwar de Wote?
R.- Se existem muitos quilômetros de distância entre Wote e Lodwar, que se localiza a noroeste de Quênia. Assim, de Nairobi a Wote se chega em duas horas por terra. Ao contrário, de Nairobi a Lodwar se demora mais de duas horas de avião e dois dias por via terrestre.

P. -Que papel exerce a vida contemplativa agostiniano-recoleta no Quênia?
R.- A nível de Igreja é apreciada, valorizada, considerada importante para a evangelização, inclusive na diocese de Lodwar, onde não existe nenhuma comunidade de vida contemplativa; por isso é que a desejam vivamente desde há muito tempo, para ser “uma fonte de bênçãos para a diocese e um exemplo de vida espiritual para o povo turkana” , conforme manifestaram ao pedir a fundação. Os sacerdotes da diocese estão de acordo em que se realize a fundação.

P. – Como surgiu a possibilidade de uma nova fundação?
R.- Segundo sabemos, o padre Francisco Andreo García e o padre Manuel Hernández, o primeiro, fundador e o segundo, membro da “Comunidade Missionária de São Paulo Apóstolo e Maria, Mãe da Igreja” foram solicitados na comunidade de Wote para orientar sobre a perfuração de um poço. Ao conhecer as irmãs lhes surgiu o desejo de solicitar uma fundação de agostinianas recoletas para a diocese de Lodwar. Mas quando o padre Hernández foi a León (Espanha) e formulou o pedido à madre María Cruz Aznar, Presidenta Federal; ela lhe disse que, pela falta de pessoal nos mosteiros da Espanha não era possível, mas lhe deu o endereço de umas clarissas espanholas e o da sede federal das Agostinianas Recoletas do México. Ignoramos se o padre Manuel escreveu às duas na mesma data, mas à Presidente Federal do México enviou o primeiro convide no dia 2 de fevereiro de 2008, e a solicitação formal foi enviada por Dom Patrick Joseph Harrington, Bispo de Lodwar, no dia 4 de outubro do mesmo ano, depois de que nosso Prior Geral, Javier Guerra Ayala, a pedido nossa, falou com eles do assunto em Nairobi, quando foi ao Quênia para a inauguração do Mosteiro Nossa Senhora da Consolação de Wote. As coisas desde então foram caminhando a favor do projeto de fundação, incluindo nossa visita prévia a Lodwar em outubro passado.



As monjas viverão temporariamente com as irmãs de Wote até agosto, quando se transferem para o seu mosteiro de Lodwar.
Inicios

P. -Vão construir um novo mosteiro ou se instalarão em algum edifício já existente?
R.- No início eles ofereceram construir e mobiliar o mosteiro para as irmãs, não com dinheiro da diocese, porque não o têm, mas sim com subsídios de fora que conseguem para seus projetos pastorais. As monjas viverão temporariamente com as irmãs de Wote até agosto, quando se transferem para o seu mosteiro de Lodwar.

P. -Como se pode colaborar?
R.- Para a construção do mosteiro é mais certo que não falte nada, mas, sim, para os gastos próprios da manutenção inicial, até elas começarem a trabalhar para sua subsistência.

P. -Já começaram as obras?
R.- As últimas notícias que temos nos informam que no terreno já perfuraram um poço com capacidade de 10.000 litros de água por hora. Também estão instalando os reservatórios elevados já ergueram a vala de separação com o recinto da escola, que se encontra bem próximo daí. A conexão de energia elétrica já está sendo feita. Neste mês têm a intenção de iniciar a construção do que será o mosteiro, para ser inaugurado dia 28 de agosto.

P. -Quantas monjas irão para o Quênia e quando irão?
R.- A fundação vai ser realizada com cinco irmãs de três comunidades federadas, três de Papalotla, uma de Cuernavaca e uma de Guaraciaba do Norte, Brasil, cujos nomes são Irmã María Belén Josefina Ortiz Mondragón, Irmã Ana Ma. Martínez Mata, Irmã Maricela González Escalona, Irmã Anita Ángel Avilés e Irmã Angelina Miriam Pérez Durán. Elas enviaram a Dom Harrington uma carta de saudação reconhecendo-o como seu bispo e ele respondeu com sentimentos de paternal acolhida, animando-as a corresponderem generosamente à obra que receberam Deus.
Em abril ou maio irão as últimas quatro. A Irmã Angelina irá mais tarde, assim que termine seus estudos na CIRM (Conferência de Institutos Religiosos de México); trata-se de um curso para formadoras, que iniciou neste mês de fevereiro e terminará em meados de julho.



Monjas que viajarão a Quênia.
Trabalho e cultura

P. -As monjas realizarão algum tipo de trabalho manual? Como será sustentado o mosteiro?
R.- O trabalho imediato a realizar será a elaboração de hóstias, como algo genuíno na diocese, pois aí ninguém as fabrica. Também a confecção de uniformes para colégios, assim como o bordado de ornamentos. Nisto se ofereceram nos ajudar a vendê-los. Outra possibilidade será o cultivo de sua própria horta, semeando e plantando. Serão necessários, além disso, as doações esporádicas que de alguns benfeitores do exterior.

P. -Como é aceita a vida contemplativa agostiniano-recoleta entre as jovens africanas e suas famílias?
R.- Nossa opinião se baseia na experiência de nossas irmãs de Wote, que têm numerosas vocações. Deve ser vista, de início, como um dom de Deus para realização da própria vida da jovem, e a isto se deve que os padres não se oponham à opção de suas filhas pela vida consagrada contemplativa, ainda que também ocorre de não ser bem compreendida por algumas pessoas, porque desconhecem sua origem e sua razão de ser na Igreja.

Dom Harrington deseja que o mosteiro seja inaugurado dia 28 de agosto de 2010, já que as fundadoras escolheram Santo Agostinho para patrono, decisão que ao bispo pareceu muito acertada, porque Agostinho era africano, é Doutor da Igreja e porque a ele também está dedicada a Catedral de Lodwar.

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