No dia 15 de outubro, às 8h12 horas da manhã, foi sentido na região central de Filipinas um fortíssimo tremor que alcançou os 7,2 graus na escala Richter. Na opinião dos técnicos, sua força equivaleria a 32 bombas atômicas como a de Hiroshima.
O epicentro se localizou a 33 quilômetros por de baixo da povoação de Carmen, em plena região turística Chocolate Hills, no centro da ilha de Bohol. As vítimas superam as centenas e os efeitos foram devastadores tanto em infra-estruturais como em edifícios e bens. Calcula-se em 400.000 as famílias afetadas só na ilha de Bohol.
Desde o primeiro momento, a Ordem dos Agostinianos Recoletos sentiram a desgraça como própria. O prior geral, Miguel Miró, se dirigiu ao superior provincial de Filipinas manifestando sua solidariedade e pondo à sua disposição os recursos da Ordem. O próprio provincial das Filipinas, Lauro Lárlar, convocou todas suas comunidades, fieis e demais pessoas a rezar pelas vítimas e colaborar no auxílio aos que sofreram danos; e encomendou à Comissão de Assuntos Sociais e Ecológicos a organização dos auxílios necessários.
Igrejas recoletas destruídas
Igreja de Loboc após o terremoto Após as primeiras horas de alarme e confusão, a Sociedade Nacional para a Conservação do Patrimônio das Filipinas (HCS) publicava uma nota na qual especificava os lugares que mais foram prejudicados: “O terremoto –dizia destruiu elementos importantes de nosso patrimônio, tanto em Bohol como em Cebú, e destruiu totalmente ou danificou gravemente as igrejas de Baclayón, Dauis, Dimiao, Loay, Loboc, Loón e Maribojoc, em Bohol, todas elas catalogados como Tesouros Culturais ou Símbolos Históricos da Nação”.
É digno de destaque que todas as igrejas mencionadas na nota da HCS foram construídas ou completadas pelos agostinianos recoletos, cuja história conheceu nesta ilha de Bohol uma época de ouro que vai de 1768 a 1885, alargando-se até 1936. Entende-se, assim, que os representantes dos agostinianos recoletos, em seus vários comunicados, tenham manifestado sua consciência de que “as pessoas e os lugares afetados por esta calamidade estão bem próximos do coração dos recoletos, tanto do passado quanto do presente”.
Loón, Baclayón, Loboc, Maribojoc
Cartaz da campanha a favor de Bohol Com razão estes templos foram incluídos nas listas de tesouros culturais de Filipinas. Todos eles são edifícios amplos e imponentes, feitos de pedra coral; igrejas fortaleza, com campanários fortificados que serviam de atalaias para vigiar os mares, atentos às incursões dos piratas muçulmanos.
O melhor exemplo disso era a igreja de Loón, considerada “a obra máxima da arquitetura recoleta”. Situada no alto de um promontório, fazia parte de todo um complexo defensivo do qual só nos restaram os 212 degraus de pedra de sete metros de largura. Assim como os outros templos e obras do passado, é fruto da colaboração entusiasta de toda a população, dirigida por seu pároco, frei José García, que pode realizar seu projeto em apenas sete anos (1855-1862). O que era uma esplêndida arquitetura de 67 x 28 x 11 metros, com uma fachada de grande elegância, dois campanários, abóbodas belamente decoradas, vários retábulos e o maior órgão de tubos da ilha, não passa agora de um montão de pedras.
Em Baclayón o terremoto não foi tão devastador. A igreja mais antiga da ilha, por ter sido construída em 1727, continua de pé. Mas foram derrubados os principais elementos acrescentados pelos recoletos na última terça parte do século XIX: o pórtico e a torre. Esta última brilhava orgulhosa sobre seus muros ciclópicos, o escudo da Ordem e a estrela de são Nicolau de Tolentino; agora tudo jaz pelo chão.
Outro tanto se deu com a igreja de Lóboc, cuja torre e pórtico recoletos foram derrubados. E, como aconteceu com Loón, agora são um monte de ruínas o que eram arejados templos de Dauis (1879), Dimiao (1800), Loay (1838) e Maribojoc (1852), todos eles na costa a sudoeste da ilha. E é preciso acrescentar que, junto com as igrejas, também sofreram danos ou ficaram arruinadas muitas obras civis estradas, pontes, cemitérios, prefeituras… com que os agostinianos recoletos de então dotaram todas estas populações.
Há 23 anos, em 1990, houve outro terremoto que assolou o sul de Bohol. As igrejas de vários povoados como Jagna, Duero ou Guindulman sofreram também sérios danos. A natureza devora a obra patrimonial dos agostinianos recoletos, embora estes tenham bem claro que o importante são as pessoas. Para elas é que foram feitos todos estes templos e instalações, e em favor delas querem se voltar também os agostinianos recoletos do presente.