De 17 a 21 de fevereiro, a Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Ordem se reuniu na Cúria Geral, em Roma, para tratar dos avanços e desafios na criação de ambientes seguros na Família Agostiniana Recoleta. Nesta ocasião, a reunião contou com a presença de quase todos os membros da Comissão: o prior geral, Miguel Ángel Hernández; Miguel Miró, ex-prior geral, atualmente no México; Daniel Medina (Argentina); Gustavo Camarena (México); Carmen Montejo (Espanha); Arnel Diaz (Filipinas); Freddy Daza (Itália); e o padre José Maria (Espanha).
Revisão e atualização de documentos
Durante a reunião, foram revisados e atualizados documentos, protocolos e estratégias para garantir a proteção de menores e adultos vulneráveis. Frei Gustavo Camarena enfatizou a necessidade de ampliar o conceito de ambientes seguros para além da proteção das crianças, abordando também os relacionamentos dos adultos dentro da comunidade da igreja:
“Não podemos nos concentrar apenas na proteção de menores, o que já é muito, mas também devemos considerar a prevenção de abuso no tratamento de adultos.
Frei Arnel Diaz, por sua vez, destacou a seriedade com que a Ordem está abordando a proteção de menores e adultos vulneráveis, assegurando que a revisão de documentos e protocolos é fundamental para garantir sua eficácia e relevância. Também destacou a importância de abordar questões relacionadas com o poder e a autoridade dos sacerdotes em seus apostolados, assim como sua formação espiritual e sua relação com os bens temporais. Diaz também refletiu sobre o contexto das Filipinas, observando que, embora a Igreja em seu país continue conservadora, estão sendo feitos esforços para promover a transparência e o apoio às vítimas de abuso.
Não apenas menores de idade, mas também adultos
Carmen Montejo enfatizou a importância de incluir o abuso de consciência, o abuso de autoridade e o abuso espiritual nas estratégias de prevenção:
“Esta reunião confirma que a Ordem está alinhada com o pensamento da Igreja sobre a criação de ambientes seguros em todos os seus apostolados”.
O desenvolvimento de treinamento on-line e presencial sobre ambientes seguros também foi avaliado. Montejo explicou que foram realizados três cursos: um curso introdutório para educadores, agentes pastorais e voluntários; um segundo curso, mais aprofundado, sobre ambientes pastorais; e um terceiro, atualmente em andamento, voltado para freiras contemplativas da Ordem.
Presença da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores
Um dos destaques da reunião foi a presença de Dom Luis Manuel Alí, secretário da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores. Em seu discurso, ele compartilhou as atividades e os desafios atuais em que estão trabalhando e apresentou o documento “Universal Framework for Guidelines”, que deverá ser apresentado oficialmente até o final de 2025. Esse documento inclui dez diretrizes que se concentram em: 1) Engajamento no nível da liderança e da cultura da igreja; 2) Ambientes seguros na igreja; 3) Engajamento com sobreviventes, famílias e comunidades; 4) Resposta e gerenciamento de reclamações e alegações; 5) Sensibilidade cultural; 6) Políticas e procedimentos que apoiam a segurança de crianças e adultos; 7) Gerenciamento de pessoal; 8) Educação e treinamento contínuos; 9) Pessoas informadas e capacitadas; 10) Melhoria contínua. Cada uma dessas diretrizes é acompanhada de critérios e indicadores para avaliação, permitindo o monitoramento das medidas que estão sendo implementadas nos diversos contextos. Além disso, foi adicionado um glossário de termos para ajudar a esclarecer conceitos e visualizar os objetivos da Comissão.
Critérios para reparações às vítimas e canal ético
Por sua vez, o pe. Miguel Miró enfatizou a importância de especificar os critérios de reparação às vítimas e a implementação de um canal ético para receber sugestões, propostas e reclamações sobre a conduta dentro da Ordem. O objetivo é facilitar a comunicação de incidentes a todos aqueles que têm dificuldade de fazê-lo pessoalmente. O objetivo desse novo canal de comunicação também será garantir que as notificações recebidas por meio desse canal recebam a mesma atenção e resposta.
Seis anos após a criação da Comissão, esta reunião significou um passo significativo na consolidação de uma cultura de prevenção e proteção dentro da Ordem, reafirmando seu compromisso com a criação de espaços seguros e o acompanhamento das vítimas. A Comissão continuará desenvolvendo estratégias para fortalecer a formação, a conscientização e a resposta efetiva aos desafios da proteção de menores e adultos vulneráveis no atual contexto eclesial. Nas palavras do Padre Miguel Miró:
“As dificuldades não são para fugir delas, mas para enfrentá-las e transformá-las em oportunidades para realizar melhor a missão evangelizadora”.