Pensamento 07 11

15º Domingo do Tempo Comum (C)
Lc 10,25-37: Homilia de Santo Agostinho (Comentário ao Salmo 125,15)

“Com este salmo, nós vos exortamos encarecidamente ao exercício da misericórdia, porque daí é que se ascende, e, como vedes, aquele que ascende canta o cântico dos degraus. Recordai. Não ameis descer e não ascender, mas pensai sempre em ascender, porque quem descia de Jerusalém a Jericó caiu em mãos de ladrões. Se não tivesse descido, não teria caído nas mãos deles. Adão já desceu e caiu em mãos de ladrões: com efeito, todos nós somos Adão. Passou, porém, o sacerdote e não se preocupou com ele, passou o levita e tampouco fez caso dele, uma vez que a lei não podia curar. Passou também certo samaritano, ou seja, nosso Senhor Jesus Cristo. Foi-lhe dito, pois: Não dizemos com razão que és samaritano e tens um demônio? (Jo 8,48). Ele não respondeu: «Não sou samaritano», e sim: Eu não tenho demônio. De fato, samaritano quer dizer guardião. Se tivesse dito que não era samaritano teria negado ser guardião. E que outro guardaria?
Depois disso, apresentou a parábola, como sabeis: um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão (Lc 10,33). Jazia ferido no caminho porque desceu. O samaritano não nos abandonou ao passar: curou-nos, levou-nos no jumento, isto é, na sua carne; levou-nos a uma pensão, isto é, à Igreja, e encomendou-nos ao dono da pensão, que é o Apóstolo, deu-lhe dois denários para que nos curasse, a saber, o amor a Deus e o amor ao próximo: nestes dois preceitos, encerram-se, pois, toda a lei e os profetas. E disse ao dono da pensão: Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gastado a mais (Lc 10,35). Efetivamente, o Apóstolo gastou a mais, já que, sendo permitido a todos os apóstolos, quais soldados de Cristo, receber seu sustento dos membros de Cristo, ele, contudo, trabalhou com as próprias mãos e renunciou ao sustento que aqueles lhe pudessem dar”.

(Trad. de Luciano Rouanet, oar)


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