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O papa Francisco visto pelos agostinianos recoletos de Buenos Aires: “Viajava de ônibus e metrô; vai ser difícil acostumar-se com a vida protocolar do Vaticano”

“A eleição do cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa foi para mim uma grande alegria e motivo de renovada esperança. Dou graças ao Senhor”. Assim começa Miguel Miró, superior geral da Ordem o último artigo de seu blogue. E continua com uma reflexão direta: “O fato de ser o primeiro papa jesuíta e o primeiro a escolher o nome de Francisco é significativo para a comunhão e renovação da Igreja”.

Para os agostinianos recoletos argentinos também foi uma grande surpresa. Carlos María Domínguez ainda não assimilou por completo a notícia: “Vamos ter que nos acostumar vê-lo de branco, porque é um homem muito simples. Viajava de ônibus e metrô. Não gosta de protocolos. Precisará acostumar-se. Quando ia à cúria, ele mesmo vinha abrir a porta”.

Darío Rubén Quintana ainda não saiu de seu assombro: “Não o esperava. Eu escutei dizer que ele havia pedido aos outros cardeais que não votassem nele. Pensávamos que o seu tempo havia passado, já que tem 76 anos, mas quando disseram “Georgium Marium”… eu estava ao lado de Carlos María, nos olhamos e quanto o protodiácono terminou de pronunciar “Bergoglio”… foi uma surpresa total. Ele não é nada protocolar. Se você precisa falar com ele e não puder atender em audiência, em poucos minutos ele mesmo lhe chama ao telefone ou ao celular”.

Próximo, afável e direto

Haren Numa homilía na parroquia de Nossa Senhora da Consolação, em Buenos Aires Os agostinianos recoletos estão presentes em Buenos Aires desde 1928. Aqui administram a paróquia de Nossa Senhora da Consolação localizada no coração da capital argentina, no centro geográfico bonaerense, no bairro de Villa Crespo – Palermo. “É uma paróquia bem forte em suas atividades pastorais, na evangelização e na catequese; com uma marcante marca missionária. Percorremos muito o bairro”, explica Darío Rubén Quintana, pároco desde há seis últimos anos e atualmente superior dos agostinianos recoletos na Argentina.

“Visitou-nos em várias ocasiões e é um homem de trato próximo, afável. Sempre manifestou seu carinho e seu respeito pelos agostinianos recoletos. E nos felicitou pela obra que fazemos em Buenos Aires”, comenta Carlos María Domínguez, outro agostiniano recoleto argentino que atualmente desempenha a tarefa de vigário na Província de Santo Tomás de Vilanova. “Sempre que me via me reconhecia e me perguntava pelos frades. Conversamos frente a frente em meu despacho e lhe consultei sobre algumas situações particulares de alguns religiosos. É um pastor muito humano e muito espiritual”, recorda Domínguez com afeto e serena alegria.

“Ele é muito direto, claro e franco. Em nenhum momento você passa diante dele despercebido. Constata logo a sua presença. Tem muito boa memória e sabe o nome de todos os sacerdotes e religiosos”, concorda Quintana com seu compatriota e irmão de hábito.

Os agostinianos recoletos recordam as últimas vezes que coincidiram com o papa Francisco quando ainda era arcebispo de Buenos Aires: “Fora da visita pastoral, sempre que o convidávamos, vinha”. O vigário na Argentina recorda as últimas ocasiões que aceitou os convites dos frades: “Uma foi por ocasião do centenário de nossa Província, outra porque estávamos fazendo uma missão no bairro e a terceira oportunidade foi para uma festa muito importante que celebramos e que é o Senhor do Milagre de Salta”.

“Rezem por mim”

“Seu gesto de inclinar-se para que o povo reze por ele nós presenciamos na Argentina”, aponta Quintana. E recorda um fato: “Em um encontro com a Renovação Carismática e com evangélicos protestantes, ele fez também este mesmo gesto. Mas se colocou de joelhos. E não só os católicos rezavam, mas os evangélicos também punham as mãos sobre o cardeal. É um homem muito aberto a compartilhar o dom de Deus. E quando vi o gesto, em seguida me lembrei disso. Além do mais, em todas suas mensagens pessoais e cartas diocesanas, sempre terminava dizendo: “rezem por mim”.

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